O médico residente e o estudante de medicina frente à terminalidade da vida: uma análise das atitudes e conhecimentos sobre o processo morte e morrer
Resumo
Na área da medicina os profissionais e alunos rotineiramente lidam com pacientes terminais e,
obrigatoriamente, são expostos à morte e ao processo de morrer. Além disso, a capacidade da
ciência médica de prolongar a vida através do uso da tecnologia tem gerado cada vez mais
questionamentos sobre o quanto o médico deve manter o tratamento de pacientes terminais. Esta
pesquisa consiste em estudo transversal, analítico com abordagem quantitativa, consta na aplicação
de um questionário aos acadêmicos do quinto e nono semestre de medicina da Universidade Federal
de Santa Maria e residentes em Clínica Médica, Cirurgia e Anestesiologia, atuantes no Hospital
Universitário de Santa Maria. O objetivo do estudo, após a análise dos dados foi de verificar no
estudante de Medicina e no médico residente seus posicionamentos, atitudes e conhecimentos
prévios acerca do processo morte e morrer. Como resultado obteve-se as seguintes considerações:
os alunos entendem que a ortotanásia é um procedimento legalizado, compreendem a morte como
fim de um ciclo natural, na fase final do curso participam mais de discussões sobre o processo de
morte, passam a conversar com os familiares sobre a sua própria finitude e a referir ter
conhecimento suficiente sobre sedação paliativa, sentem-se preparados para lidar com a morte de
seus pacientes e passando a discordar mais fortemente com a prática da distanásia. No entanto,
afirmam que a formação não contribuiu para um preparo adequado para o enfrentamento da morte,
relatam não ter conhecimento suficiente sobre testamento vital, não acreditam que mesmo antes de
ser informado o paciente saiba da gravidade de seu caso e passam a não acreditar que o paciente
possa piorar após a má notícia. Foram fatores significativos: ter vivência em UTI, ter mais que 25
anos e não ter religião, para evitar com maior convicção as práticas de distanásia. Através desses
resultados entende-se que houve um certo progresso, conforme o decorrer do curso de medicina
em relação ao entendimento da morte, na amostra estudada, apesar da persistência de algumas
lacunas de conhecimento. Questiona-se ainda, se tal progresso se limita à teoria ou extravasa para
a prática médica, confirmando-se através de decisões que evoquem a “boa morte”, como seria o
ideal.
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