ARQUEOLOGIA IBEROAMERICANA - ISSN 1989-4104
ARTÍCULO de investigación • Vol. 45 (2020), pp. 3-10 • PDF 1.76 MB • english


Luis Carlos Duarte Cavalcante, Victor Hugo Gomes Tostes
Laboratório de Arqueometria, Universidade Federal do Piauí (UFPI), Teresina, Brasil
(cavalcanteufpi@ufpi.edu.br)


Arqueol. Iberoam.


Resumo
A Pedra do Atlas é um abrigo sob-rocha arenítica localizado na área rural do município de Piripiri, no norte do Piauí, Brasil, decorado com 423 pinturas rupestres, além de algumas inscrições gravadas. Recentemente, fragmentos cerâmicos, pigmentos minerais e alguns líticos foram encontrados no solo superficial desse sítio arqueológico. Amostras representativas dos ocres amarelos foram analisadas por fluorescência de raios X por dispersão de energia (EDXRF), análise elementar por CHN, microscopia eletrônica de varredura (MEV), espectroscopia de energia dispersiva (EDS), espectroscopia de absorção de energia na região do infravermelho com transformada de Fourier (FTIR) e difratometria de raios X (DRX) do pó, visando determinar a composição químico-mineralógica e identificar as espécies ferruginosas desses materiais pictóricos. O teor de ferro nesses pigmentos minerais, como determinado por EDXRF, aqui expresso como Fe2O3, é ∼42 a ∼68 massa%. A proporção de carbono, como determinada via análise elementar por CHN, varia de 0,16 a 0,65 massa%. As micrografias de MEV mostraram a micromorfologia das amostras investigadas e os espectros EDS revelaram a composição química de microáreas ricas em espécies ferruginosas. Os dados de DRX e de FTIR mostram que esses materiais pictóricos contêm goethita (α-FeOOH) como fase mineral dominante. Quartzo, caulinita e anatásio foram encontrados, em baixas proporções, como minerais associados.

Palavras-chave
Ocre amarelo; Goethita; FTIR; DRX; Arqueometria.

Fechas
Recibido: 29-12-2019. Aceptado: 6-1-2020. Publicado: 14-1-2020.

Cómo citar
Cavalcante, L. C. D., V. H. G. Tostes. 2020.
Análise arqueométrica de ocres amarelos do sítio arqueológico Pedra do Atlas, Brasil.
Arqueología Iberoamericana 45: 3-10.

Otros identificadores persistentes

Agradecimentos
Ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq-Brasil), pela concessão da bolsa de IC a Victor H. G. Tostes (processo 142658/2017-0) e da bolsa de produtividade em pesquisa a Luis C. D. Cavalcante (Processo 313431/2017-5); à Financiadora de Estudos e Projetos (FINEP) pelo apoio financeiro (CT-INFRA-PROINFRA 01/2009 Ref. 0813/10). Em especial ao Sr. Luiz C. Silva (CDTN) pelas medidas de EDXRF, ao Sr. João B. S. Barbosa (CDTN) pelas medidas de DRX, ao Dr. Tércio Assunção Pedrosa e ao Sr. Rafael L. Souza (CDTN) pelas medidas de microanálise com MEV-EDS, à Sra. Ana Cristina Morgado (UFMG) pelas medidas de FTIR e ao Sr. Marley A. P. Assis (UFMG) pelas medidas de CHN.

Referências

Audouin, F., H. Plisson. 1982. Les ocres et leurs temoins au Paléolithique en France: enquête et expériences sur leur validité archéologique. Cahiers du Centre de recherches préhistoriques 8: 33-80. Google Scholar.

Bahn, P. G. 1998. The Cambridge Illustrated History of Prehistoric Art. Cambridge: Cambridge University Press. Google Scholar.

Barham, L. S. 2002. Systematic Pigment Use in the Middle Pleistocene of South-Central Africa. Current Anthropology 43: 181-190. Google Scholar.

Barnett, J. R. et alii. 2006. Colour and art: a brief history of pigments. Optics & Laser Technology 38/4-6: 445-453. Google Scholar.

Bikiaris, D. et alii. 2000. Ochre-differentiation through micro-Raman and micro-FTIR spectroscopies: application on wall paintings at Meteora and Mount Athos, Greece. Spectrochimica Acta Part A: Molecular and Biomolecular Spectroscopy 56/1: 3-18. Google Scholar.

Cavalcante, L. C. D. 2012. Caracterização arqueométrica de pinturas rupestres pré-históricas, pigmentos minerais naturais e eflorescências salinas de sítios arqueológicos. Tese de Doutorado, Ciências (Química). Belo Horizonte: Universidade Federal de Minas Gerais. Google Scholar.

Cavalcante, L. C. D. 2015a. Pinturas rupestres da região arqueológica de Piripiri, Piauí, Brasil. Arqueología Iberoamericana 26: 6-12.

Cavalcante, L. C. D. 2015b. Arqueometria em sítios de arte rupestre da região arqueológica de Piripiri, Piauí, Brasil. Cadernos do CEOM 28/43: 7-19. Google Scholar.

Cavalcante, L. C. D. 2016. Sítios arqueológicos do vale do Buriti dos Cavalos: uma breve revisão. Arqueología Iberoamericana 30: 16-22. Google Scholar.

Cavalcante, L. C. D. 2018. Arqueometria e o sítio arqueológico Pedra do Cantagalo I: uma estratégia de investigação como modelo para a América do Sul. Cadernos do LEPAARQ 15/30: 315-326. Google Scholar.

Cavalcante, L. C. D. et alii. 2005. Estudo de pigmento em osso humano do sítio Morro dos Ossos, Piauí. Mneme 7/18: 531-549. Google Scholar.

Cavalcante, L. C. D. et alii. 2014. Pedra do Cantagalo I: uma síntese das pesquisas arqueológicas. Arqueología Iberoamericana 23: 45-60. Google Scholar.

Cavalcante, L. C. D. et alii. 2017. Red and yellow ochres from the archaeological site Pedra do Cantagalo I, in Piripiri, Piauí, Brazil. Hyperfine Interactions 238/1: 22.1-22.7. Google Scholar.

Cavalcante, L. C. D., P. R. A. Rodrigues. 2009. Análise dos registros rupestres e levantamento dos problemas de conservação do sítio Pedra do Atlas, Piripiri, Piauí. Clio Arqueológica 24/2: 154-173. Google Scholar.

Cavalcante, L. C. D., V. H. G. Tostes. 2017. Espécies ferruginosas em pigmentos minerais do sítio arqueológico Pedra do Atlas. Arqueología Iberoamericana 36: 48-53.

Contin, F. 2005. La medicina nell'antico Egitto. Antrocom 1/2: 115-120. Google Scholar.

Cornell, R. M., U. Schwertmann. 2003. The iron oxides: structure, properties, reactions, occurrences and uses. Weinheim: Wiley-VCH Verlag GmbH & Co. KGaA. Google Scholar.

Darchuk, L. et alii. 2010. Argentinean prehistoric pigments' study by combined SEM/EDX and molecular spectroscopy. Spectrochimica Acta Part A: Molecular and Biomolecular Spectroscopy 75/5: 1398-1402. Google Scholar.

Elias, M. et alii. 2006. The colour of ochres explained by their composition. Materials Science and Engineering B 127/1: 70-80. Google Scholar.

Forshaw, R. J. 2009. The practice of dentistry in ancient Egypt. British Dental Journal 206/9: 481-486. Google Scholar.

Genestar, C., C. Pons. 2005. Earth pigments in painting: characterisation and differentiation by means of FTIR spectroscopy and SEM-EDS microanalysis. Analytical and Bioanalytical Chemistry 382: 269-274. Google Scholar.

Guidon, N., M. F. Luz. 2009. Sepultamentos na Toca do Enoque (Serra das Confusões-Piauí). Nota prévia. Fumdhamentos 8: 115-123. Google Scholar.

Henshilwood, C. S., B. Dubreuil. 2009. Reading the artefacts: Gleaning language skills from the Middle Stone Age in southern Africa. In The Cradle of Language, eds. R. Botha, C. Knight, pp. 41-61. Oxford: Oxford University Press. Google Scholar.

JCPDS (Joint Committee on Powder Diffraction Standards). 1980. Mineral Powder Diffraction Files Data Book. Pennsylvania: Swarthmore. Google Scholar.

Knight, C. 2008. Language co-evolved with the rule of law. Mind & Society 7: 109-128. Google Scholar.

Marshall, L. J. R. et alii. 2005. Analysis of ochres from Clearwell Caves: the role of particle size in determining colour. Spectrochimica Acta Part A: Molecular and Biomolecular Spectroscopy 61/1-2: 233-241. Google Scholar.

Martin, G. 2008. Pré-história do Nordeste do Brasil. Recife: Ed. Universitária da UFPE. Google Scholar.

Montalto, N. A. et alii. 2012. The provenancing of ochres from the Neolithic Temple Period in Malta. Journal of Archaeological Science 39/4: 1094-1102. Google Scholar.

Mortimore, J. L. et alii. 2004. Analysis of red and yellow ochre samples from Clearwell Caves and Çatalhöyük by vibrational spectroscopy and other techniques. Spectrochimica Acta A: Molecular and Biomolecular Spectroscopy 60/5: 1179-1188. Google Scholar.

Murador Filho, A. 2012. Síntese e caracterização de ZnO/TiO2 nanoestruturado. Dissertação de Mestrado, Ciência e Tecnologia de Materiais. Bauru: Universidade Estadual Paulista. Google Scholar.

Padilla, J. A. L. et alii. 2012. Ocre y cinabrio en el registro funerario de El Argar. Trabajos de Prehistoria 69/2: 273-292. Google Scholar.

Popelka-Filcoff, R. S. et alii. 2007. Trace element characterization of ochre from geological sources. Journal of Radioanalytical and Nuclear Chemistry 272/1: 17-27. Google Scholar.

Ramos, A. C. P. T. 1995. O sítio pré-histórico rupestre Pedra do Alexandre em Carnaúba dos Dantas, RN: estudo dos pigmentos. Dissertação de Mestrado, História. Recife: Universidade Federal de Pernambuco. Google Scholar.

Rifkin, R. F. 2011. Assessing the efficacy of red ochre as a prehistoric hide tanning ingredient. Journal of African Archaeology 9/2: 131-158. Google Scholar.

Rifkin, R. F. 2012. Processing ochre in the Middle Stone Age: Testing the inference of prehistoric behaviours from actualistically derived experimental data. Journal of Anthropological Archaeology 31/2: 174-195. Google Scholar.

Roebroeks, W. et alii. 2012. Use of red ochre by early Neandertals. PNAS (Proceedings of the National Academy of Sciences) 109/6: 1889-1894. Google Scholar.

Salama, W. et alii. 2015. Spectroscopic characterization of iron ores formed in different geological environments using FTIR, XPS, Mössbauer spectroscopy and thermoanalyses. Spectrochimica Acta A 136/C: 1816-1826. Google Scholar.

Scott, D. A., P. Meyers, eds. 1994. Archaeometry of Pre-Columbian Sites and Artifacts. Los Angeles: UCLA Institute of Archaeology, Getty Conservation Institute. Google Scholar.

Silva, H. K. S. B. 2018. Análise químico-mineralógica de ocres e a busca por correlações arqueológicas com os pigmentos de pinturas rupestres do sítio Pedra do Cantagalo I. Dissertação de Mestrado, Arqueologia. Teresina: Universidade Federal do Piauí. Google Scholar.

Silva, H. K. S. B. et alii. 2017. Características químico-mineralógicas de fontes de pigmentos minerais em depósitos naturais do entorno do sítio arqueológico Pedra do Cantagalo I, em Piripiri, Piauí, Brasil. Arqueología Iberoamericana 36: 36-42. Google Scholar.

Wadley, L. et alii. 2004. Ochre in hafting in Middle Stone Age southern Africa: a practical role. Antiquity 78/301: 661-675. Google Scholar.

Wagner, F. E., A. Kyek. 2004. Mössbauer spectroscopy in archaeology: introduction and experimental considerations. Hyperfine Interactions 154/1-4: 5-33. Google Scholar.

Watts, I. 2002. Ochre in the Middle Stone Age of southern Africa: ritualised display or hide preservative? South African Archaeological Bulletin 57/175: 1-14. Google Scholar.

Watts, I. 2009. Red ochre, body-painting, and language: interpreting the Blombos ochre. In The Cradle of Language, eds. R. Botha, C. Knight, pp. 62-92. Oxford: Oxford University Press. Google Scholar.

Watts, I. 1999. The origin of symbolic culture. In The Evolution of Culture, eds. R. Dunbar, C. Knight, C. Power, pp. 113-146. Edinburgh: Edinburgh University Press. Google Scholar.


Licencia Creative Commons

© 2020 ARQUEOLOGÍA IBEROAMERICANA. ISSN 1989-4104. Licencia CC BY 3.0 ES.
Revista científica editada por Pascual Izquierdo-Egea. Graus & Pina de Ebro, Spain.
Compatible W3C HTML 4.01. Contacto